Resistência à gravidade: característica fundamental na evolução humana
- marcosporpino
- 11 de mai.
- 2 min de leitura
Nenhum outro animal terrestre — dinossauros, avestruzes ou qualquer outro sauropsídeo ou marsupial — mostra a coluna ereta na locomoção como o ser humano ao se mover com as pernas traseiras. A postura habitual ereta e a locomoção com ciclos harmônicos de pêndulos diferem os seres humanos de todos os mamíferos.
Nossos antepassados biológicos puderam aproveitar determinados aspectos favoráveis para desenvolver a força de sustentação da postura bípede no campo gravitacional. Ao longo do tempo, as adaptações bioquímicas do sistema aeróbio das células corporais possibilitaram ações de aplicação de força mais prolongadas. Ou seja, graças a um conjunto de adaptações bioquímicas ganhamos mais resistência com menos esforço físico. A evidência fóssil dessas características sugere que a corrida prolongada é uma capacidade adquirida pelo gênero Homo há cerca de 2 milhões de anos e pode ter sido fundamental na evolução da forma do esqueleto humano.
Apesar dos aspectos favoráveis à mudança postural, devemos ainda considerar que um primata mais leve sofreria ação predadora mais intensa no solo, enquanto para primatas relativamente mais pesados, e gorilas, seria difícil permanecer nas árvores. Quando os quadrúpedes começaram a se levantar e a andar na posição vertical, suas articulações ficaram sujeitas a tensões novas e diferentes, como a pronação e a inversão dos ossos dos pés.
A partir de então, a forma como a propulsão passou a ser realizada pode ter sido essencial para aumentar a aceleração do CM no espaço e distribuir melhor o fluxo de forças na locomoção. Essa melhor eficiência locomotora facilitou, por sua vez, o desenvolvimento da resistência física da espécie.
Se pensarmos no homem primitivo e em sua capacidade cognitiva, concluiremos que a curiosidade, aliada à busca de alimentos, ofereceu o impulso necessário para que o ser humano percorresse grandes distâncias terrestres. A melhora nos processos de controle do movimento foi fundamental para essas conquistas, que se prolongaram por milhares de anos e trouxeram importantes modificações corporais.

O homem primitivo apresentava pisadas achatadas (veja a Figura 3.2) — o que correspondia a determinado tempo gasto no apoio do pé no solo. À medida que a espécie passou a se deslocar mais sobre a terra, ocorreu uma redução do tempo de apoio. Com isso, a propulsão passou a ser mais eficiente, resultando na modificação da forma do pé e de outras partes do corpo e promovendo a adaptação do corpo a essa nova necessidade interativa.

Do Nosso livro Força Dinâmica, postura em movimento (Alexandre Blass e Marcelo Semiatzh) Clique para comprar na Amazon


