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Percepção cinestésica, força dinâmica e padrões corporais

  • marcosporpino
  • 1 de mai.
  • 3 min de leitura

Atualizado: 11 de mai.

Percepção cinestésica é a capacidade de percepção da organização do nosso corpo no espaço. Trata‑se de um processo ativo de interpretação da informação sensitiva e representa o conhecimento de um sujeito ou uma vivência corporal. É a capacidade de reconhecer a localização espacial do corpo, sua posição e orientação, a força exercida pelos membros e a posição de cada parte do corpo em relação às demais sem utilizar a visão, de modo que a situação de nosso corpo seja tão importante quanto a situação e as condições dos objetos percebidos no ambiente.


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Segundo Marilena Chaui(2005), “a percepção possui forma e sentido, ela é uma forma de comunicação corporal que estabelecemos com o ambiente, e no caso da percepção cinestésica o ambiente já é o próprio corpo”. De acordo com Shumway‑Cook e Woollacott (1995), os sistemas sensorial e perceptivo fornecem informações sobre o estado do corpo e as características do ambiente relevantes para a regulação do movimento.


A melhora do controle da força deve estar associada à melhora da percepção da organização do nosso corpo no espaço, ou seja, da percepção cinestésica. Esta permite a manutenção do equilíbrio postural e a realização de diversas atividades práticas. A propriocepção é efetiva devido à presença de receptores específicos sensíveis a alterações físicas, tais como variações no ângulo de uma articulação, rotação da cabeça, tensão exercida sobre um músculo e até mesmo o comprimento da fibra muscular. Seu desenvolvimento é essencial para garantir a boa aplicação de força e uma organização corporal que mantenha adequados sentido, direção e intensidade das forças aplicadas e recebidas.


Alguns exemplos de mudanças corporais podem ocorrer na gestação, no envelhecimento, no início de uma nova atividade física, quando começamos um trabalho novo que mude nossos hábitos, quer nos tornando mais sedentários ou mais ativos sem a devida preparação do corpo. Nesses casos, devemos tentar tornar nossos padrões de aplicação de força conscientes, para oferecer outros ajustes ao utilizar o corpo. Esse processo que sai do controle exclusivamente involuntário e passa para a consciência deve ser trabalhado sob supervisão e de modo regular, pois nossa consciência se ocupa de demasiadas tarefas e precisa de um acréscimo significativo de atenção para lidar com novas informações corporais.


Para o corpo, não basta somente treino e repetição; é preciso também acostumar a consciência a lidar com tarefas do cotidiano. Trata‑se de aprender a voltar‑se para si e assim permanecer. O objetivo não é só criar novos padrões, mas desenvolver uma consciência mais atenta a si mesmo. Segundo o professor e coreógrafo Klauss Vianna, as pessoas ficam menos conscientes na medida em que permanecem alienadas e distantes da realidade de seu corpo, tomadas por ideias pré fabricadas de si. O resgate por meio do corpo nos possibilitaria sair dessa situação.


Com a prática dos exercícios de percepção e de força, procura‑se fixar um aprendizado capaz de inibir alguns desajustes motores e, ao mesmo tempo, consolidar novos. É importante saber que não se trata de “apagar” hábitos motores. Conseguimos inibi‑los, mas não extingui‑los. Afinal, se isso ocorresse, não teríamos mais a referência do que precisa ser ajustado. Pode parecer paradoxal, mas para efetuar os ajustes necessários temos de partir da percepção da resposta motora inadequada. Se não tornarmos consciente a interpretação das sensações motoras na realização dos gestos, não conseguiremos alterar o seu padrão de resposta.


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